segunda-feira, 19 de abril de 2010

Tulipa (claustro)

Num leve travo o cheiro chega a mim, como, ainda que tão distante, to consigo sentir?
A cama à noite é dura e fria como pedra, o ligeiro aroma vagueia pelo quarto, solene, e por mais que lhe tente chegar escapa-se-me sempre por entre os rasgos dos dedos.
Deitado no chão sujo agarro, tentando arrancar-me da pele o que ficou, não consigo, já cá não está...
O cérebro cega sempre que te vais, e os olhos evitam ver o lugar vazio que deixas.
À noite os espasmos são mais que muitos, durante o dia desprezo-os para que consiga respirar.

Os dias de angústia sem tocar num pedaço de carne que envolve o teu corpo deixam-me sedento, a salivar para o chão pedaços de sémen morto.
Enquanto as veias do teu corpo não rebentarem em êxtase, não tenho um segundo de descanso, enquanto os teus olhos não condenarem o dia em que nos atentaram , não tens perdão, enquanto for de nós o cheiro...