quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Dia dos namorados

Queres namorar comigo?
Oh não, esta pergunta outra vez... para quê perguntar se já sabes a resposta?
Acredito na persistência, mas já agora porque não mesmo?
Já te disse, gosto demasiado de mim para namorar contigo.
E depois?
Depois se namorar contigo perco o interesse, ou anulo um dos dois, e não queremos isso pois não?
Se calhar não.
És demasiado importante para te perder e ainda agora comecei a gostar de ti, eu já te disse como é difícil apaixonar-me.
É.
Para alem do mais preciso de me soltar da outra, e sem que isso aconteça não me posso prender a mais ninguém, muito menos deixar que alguém se prenda a mim.
E se eu me quiser prender a ti?
Azar o teu, vais ter que te aguentar á minha impossibilidade...
Acho que posso com isso.
Eu acho que não podes, mas se quiseres tentar é a tua cabeça que fica no cepo. Dá-me tempo.
.
.
.
E agora, queres namorar comigo?

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Três divisões

Descendo os fios pintados do teu cabelo,
escorrem as palmas das mãos
que nem o licor que se amordaça
às paredes quentes da língua.

A fina ponta dos dedos
se te desenha na pele,
por cima dos traços do teu perfil,
um quadro invisível.

Na tela despem-se corpos
com as discórdias do pincel,
a carne nua solta nitrogénio em pó
fundido no céu.

No arrebitar dos seios
prendem-se verdades cuspidas,
escondidas da luz do dia,
esgravatadas na falta da noite.

O tímido abanar de ancas
mostra caminhos vedados a medo
que se abrem com palavras míticas,
e se fecham com o olhar.

Desce a água que se adivinha
no roçar das pernas
p'lo inicio do fim dos dedos
enquanto se descobrem nos lençóis
pés agrafados no colchão
depois de um trilho de sulcos.

Neles vais tu, eu sigo.