Nos teus olhos verdes rasgados sobre os meus e nas tuas mãos a navegar p'lo meu corpo numa astucia quente, fomos jogados contra a parede a favor do desejo.
Eras-me nova, e eu precisava do teu sexo mais do que a garrafa que nos levara até ali.
Navegava-mos pelas ruas sem a mínima noção da nossa rota, ainda assim sabendo bem para onde íamos.
Confessaste-me ao jantar que não querias mais ninguém, que os homens eram todos uns filhos-da-puta lascivos sem a mais pequena noção de como te fazer sentir mulher. Eu não te respondi, por sabia perfeitamente que pertencia ao mesmo grupo.
Fomos bebendo garrafa após garrafa daquele vinho que mais parecia sangue e que pintava as taças brancas de purpura, a comida, ainda que boa, era o menos importante. Eram só aqueles dois corpos fechados sobre si mesmos que interessavam, eram só os pequenos embaraços de olhares, os pequenos sorrisos que anteviam um serão sem nexo.
Chegámos a um quarto que não consegui destingir, no meio havia uma cama e, como mortos, lençóis de seda caiam sobre ela.
As tuas mãos continuavam atiçando a obscena e indecente parte de mim, e eu por entre as amarras dos teus braços continuava a trincar-te o pescoço e a medir-te as orelhas com a ponta da língua, todo o meu corpo parecia já não me pertencer.
A tua roupa foi caindo junto da minha como balões vazios, e os lençóis mortos ganharam vida, a vida de dois corpos amassados.
As pernas que se envolvem em nós impossíveis, bocas frenéticas entrelaçam-se no calor da saliva, as mãos que acariciam o sexo com o mais gentil dos cuidados, as línguas que sobem e descem o corpo e que se encontram, por vezes, a meio.
Os calores do corpo a fazer jorrar suor que se mistura num liquido explosivo.
Os homens são todos uns filhos-da-puta.
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