quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Bailado iliterato

Sustentação, linóleo espalhado no topo do arranha-céus, ratos vagueiam nadando na brisa, pés descalços na calamidade colorida de vidros rasgados.
Sangue, um rasto vermelho em forma de pata no palco preto, movimento frenético nas articulações do pescoço quase partido, iliteracias mundanas, corpos soltos, braços soltos, ancas soltas, dedos soltos, abraços soltos.
Terra, cadeiras inquietas estagnadas num só pau, mesa paralisada eternamente pesada cravada até, cabelos altos e flamejantes navegantes pelo ar fazem zumbir as partículas de poeira vã.
Unha, cravados movimentos da bailarina na caixa de jóias, ardor dócil no olho, inquietação das bocas à tempestade que se adivinha, as luzes estão mortas de branco, tango.



(contemporaneidade de mim)

Sem comentários:

Enviar um comentário