quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

TEMPestade aO amanhecer


Foi com um bombardear de milhões de volts de encontro à terra que se me despertaram os sentidos.
Os olhos ainda mal preparados demoraram um pouco a soltar-se das remelas e a captar a pouca luz do dia/noite. Eram cinco horas da madrugada e por algum motivo sabia que algo não estava muito bem, não só pelo levantar voo dos pombos adormecidos nas arvores, não só pelo planar esgazeado das gaivotas em solo firme, nem mesmo pela torrente de agua que enchia as sarjetas, algo não estava bem e o meu esqueleto sentia-o virando-se e revirando-se na cama.
Os estrondos continuavam, um seguido ao outro, uns por cima dos outros, entrelaçados uns nos outros, seguidos de clarões de luz imperiosamente branca, capaz de ferir até a íris.
Até ás oito horas não cessaram, e o meu corpo não parou de rebolar no colchão duro, nem a almofada entre as orelhas me poupava ao estridente rebentar, algo não estava bem e só momentos depois depreendi...

Uns segundos, talvez minutos depois, assaltas-te-me os sonhos, fazia já três meses que não sonhava contigo, e em míseros segundos, com uma simples frase, um simples olhar, um único gesto, arruinas-te-me com tremenda angustia. Aquela palavra que eu pensei já estar mais que morta, aquela frase que jamais quererei ouvir, aquele arquear de lábios de encontro um ao outro para me dizeres... algo que tentei não compreender.



(não perguntes)

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